Monsenhor Expedito
Do professor, escritor, membro do Instituto Histórico e Geográfico do RN e União Brasileira de Escritores, a coluna transcreve artigo…
Do professor, escritor, membro do Instituto Histórico e Geográfico do RN e União Brasileira de Escritores, a coluna transcreve
artigo sobre a grandeza humana do Mons. Expedito Medeiros, o vigário humilde que derramou todo seu amor aos pobres do sertão.
artigo sobre a grandeza humana do Mons. Expedito Medeiros, o vigário humilde que derramou todo seu amor aos pobres do sertão.
No dia, 16 de janeiro de 2000, partia, rumo à Eternidade, rumo à Cidade Perfeita, um sacerdote digno de todos os nossos louvores, Monsenhor Expedito Sobral de Medeiros, exemplo da mais perfeita simplicidade humana, homem de profundo diálogo com Deus, em todas as circunstâncias: no trabalho e no descanso; na alegria e na dor. Diante de qualquer contrariedade, a sua reação era sempre esta: ‘Omnia in bonun’ – Tudo é para o Bem. Fui testemunha presencial da vida desse homem extraordinário e da sua heróica correspondência à Graça de Deus. Creio que não só a nossa Arquidiocese, como a Igreja, in totum tem, hoje, uma necessidade desesperada de tudo aquilo que ele ensinou e testemunhou com sua própria vida. Seu maior tesouro era a simplicidade do seu viver.
Respeitava os ricos e amava os pobres. Tinha a convicção de que não se pode pregar o Evangelho às almas, deixando-lhes os corpos morrendo de fome. Comungava com o pensamento do teólogo Tomás de Aquino que dizia: – “Sem um mínimo de qualquer coisa no estômago, é impossível até se praticar a virtude”.
Expeditus, interger homo et sanctae vitae. Sua alegria maior residia na pobreza evangélica, a renúncia ascética aberta às necessidades dos pobres. Hóstias vivas caídas à beira da estrada, na carne viva da humanidade esquecida. Quis Ser e Foi um verdadeiro Sacerdote. Jamais lhe passou, pela mente, pensar nesse Ministério como uma nova função. Considerou-o sempre como uma consagração transformadora que o identificava intimamente com o Cristo, em nome de Quem e na pessoa do Qual, deveria viver e agir. Sua visão de Cristianismo sempre foi cristalina. Nele, o lado espiritual e o social, o humano e o divino se integravam harmoniosamente. Havia, nele, o respeito pela tradição e a atenção aos sinais dos tempos.
O ser padre havia se tornado para ele a expressão genuína de sua personalidade. Levou uma vida voltada para o cultivo dos valores transcendentais da existência; da prática do bem como um dogma; e do trabalho denodado e austero como compromisso de vida. Suas homilias eram simplesmente admiráveis. Eram substanciosas, curtas, claras, com princípio, meio e fim. De uma construção ilógica e de um conteúdo teológico ao alcance de todos. Para ele, uma teologia demasiadamente racionalizada ou estruturada, em forma apologética, não penetrava na mente e no coração do povo. Era preciso que a verdade, sem mudar de conteúdo, tomasse uma forma capaz de ser assimilada. Um conteúdo teológico orgânico capaz de gerar vida. Para ele, enfim, uma doutrina abstrata administrada, em definições, não tinha sentido algum.
Confesso que, naquele triste dia do seu falecimento, eu o via, pela primeira vez, silencial e sem sorriso nos lábios. Era o término de uma vida terrena e o início de uma transformação. E, naquele momento, encontrava-se com suas vestes litúrgicas, pronto, para a celebração de sua primeira missa, no Altar-Mor da eternidade. Partia desta Terra, como um pai, como um amigo, como um irmão. Sua memória, com certeza, continuará intocada e imperecível. Suas lições de vida não serão apagadas, na revivescência de tudo aquilo que ministrou. “Cumpriu melhor a paternidade do coração que outro qualquer a da carne”, assim se expressara Aurélio Agostinho, o Bispo de Hipona, em referência a José, esposo de Maria, e que se encaixa, perfeitamente, na pessoa do Cura Potengiense. Encantou-se, num suspiro, em despedida de uma vida radiosa como que, ouvindo de Deus, estas palavras: – ‘Amice, ascende superius’ – Amigo, vem gozar do Céu. Chegava-lhe a hora da experiência com Deus face a face. Mergulhava, no infinito, e ansioso estava seu coração para entender o incompreensível e, sem perceber, já se encontrava, na Luminosa Glória da Ressurreição.
A Estátua que se encontra, na velha Praça da Matriz, em São Paulo do Potengi, é um testemunho da gratidão e da admiração do seu povo. E a Palavra estátua, etimológica e semanticamente não se destina à transitoriedade, estátua, pois, fixa algo “Ad Perpetuam rei memoriam’. Que Homem e que Santo! Sobre sua Grandeza, ‘Non possum non loqui’. Não posso deixar de falar, pois ele nos foi, verdadeiramente, uma implosão mística e uma explosão ética, Admirantibus Omnibus.
Fonte: http://jornaldehoje.com.br/monsenhor-expedito/
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